"SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZIU, BENDITA CURIOSIDADE, QUE TE FARÁ UM DIA, UM OBREIRO DO SENHOR"
Em 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos. Os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram a estes aborígines de índios.
Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco nobres. O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar.
Nossos nativos inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade.
Mais tarde, colonizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.
Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz., ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.
Muitas crianças índias e negras, foram mortas, quando nasciam com alguma debilidade, pois não serviriam para o trabalho pesado, outras eram castigadas até a morte por terem aprontado algumas travessuras de criança, pertubando assim os seus senhores.
Vítimas de revolta e vingança muitas crianças brancas também acabaram sendo mortas por negros e índios.
Juntando-se então os espíritos das crianças, os dos negros e dos índios, o plano formou o que hoje chamamos de: Trilogia da Umbanda "Caboclos, Pretos Velhos e Crianças". Assim, hoje vemos esses espíritos trabalhando para reconduzir os algozes de outrora ao caminho de Deus.
A igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investiu pesado para eliminar as religiosidades negra e índia. A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto aos Orixás, a esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo Religioso".
Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata. No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes.
O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de "doutores" e o candomblé, por sua vez, não trabalha com eguns (espirito de pessoa falecida). Os Espíritos Supriores, atentos ao cenário existente, estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil. Assim a Umbanda é plasmada no Plano Astral e em 15 de novembro de 1908 é anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, atrvés do médium Zélio Zélio Fernandino de Moraes.