"SE A CURIOSIDADE AQUI TE CONDUZIU, BENDITA CURIOSIDADE, QUE TE FARÁ UM DIA, UM OBREIRO DO SENHOR"
Conjunto de músicas próprias utilizadas em rituais umbandistas. Servem para os mais diversos fins, como por exemplo, receber uma visita, homenagear uma entidade etc.
Os pontos cantados na Umbanda são as prece e as invocação das falanges, chamando-as ao convívio das suas reuniões que, no momento, se iniciam.
Todas as religiões têm os seus cânticos. Assim, a Umbanda usa os seus pontos cantados, dos quais, entretanto não se deve abusar, pois eles representam as forças falangistas que se aproximam dos terreiros ou centros, para os trabalhos, sejam de magia, de descarrego ou de desenvolvimento de médiuns. Mas prestem bem atenção. Não deturpem os pontos com excesso de cantos, muitas vezes impróprios para o momento, pois um ponto mal tirado (cantado), fora do seu âmbito, não produzirá o efeito desejado, prejudicando a aproximação das falanges e até mesmo perturbando o ambiente, pois essas falanges não estão sendo chamadas como deveriam ser. Cantem os seus pontos em harmonia, sem exageros, com cadência própria, porque a harmonia dos sons, é uma das mais importantes partes da magia e dela depende, dentro da Umbanda, a vinda dos guias e protetores espirituais, para darem a luz necessária, na verdadeira construção dos trabalhos que se processarão dentro dos rituais, impostos pelas preces em forma de canto, que formam uma das maiores forças mágicas da Umbanda. Em resumo, nós umbandistas, utilizamos os pontos cantados para entrar-mos em sintonia com as forças do astral. Em outras palavras, através dos pontos cantados, conseguimos buscar as forças espirituais das entidades, para atuarem diretamente sobre os trabalhos que estão sendo realizados..
Para entoar as melodias dos pontos cantados, são formadas as curimbas nos terreiros de Umbanda. A curimba geralmente é composta de: Ogãs Curimbeiros (somente canto), Ogãs Atabaqueiros (somente percussão) e Ogãs Curimbeiros e Atabaqueiros (canta e toca percussão).
A curimba de um terreiro, exerce uma função de suma importância e, em razão disso, deve desenvolver um trabalho altamente sério e bem intencionado, pois todo o andamento dos trabalhos (gira), é ligado diretamente a curimba.
Vale também lembrar, que a palavra “Ogã”, é de origem Yorubá, que significa em nossa língua “Senhor da minha casa”. Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra e importância, para quem dela participa diretamente.
É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos ritmos dos pontos e o momento certo de cantá-los. Devem também, saber o nome de todas as entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir rapidamente uma entidade de outra, e saber sempre, na ponta da língua, todas as saudações destinadas aos guias, protetores e orixás, da nossa querida Umbanda.
É muito importante, que o ponto seja cantado de forma correta. Devemos analisar a letra e a melodia, e cantar com muito respeito e emoção, sem gritaria e sem brincadeiras. Afinal, o ponto é uma prece, portanto, vamos cantar com muito amor e devoção.
A curimba é responsável pela preparação do ambiente, tornando-o propício e harmonizado com o plano espiritual.
É costume dizer que a curimba é responsável pela segurança do terreiro, pois é através da firmeza dos responsáveis pela curimba que a gira transcorre normalmente ou pode virar.
Quando falamos em virar a gira, estamos dizendo que, é através do chamado dos ogãs, que as entidades positivas ou negativas atuam diretamente sobre os rituais que estão sendo realizados.
Devemos tocar os instrumentos ritualisticos e não bater de forma desordenas. Deve existir uma harmonia, uma simetria, uma afinação entre os instrumentos de couro, os instrumentos de metal e a voz humana, dentro da curimba.
Os instrumentos devem ser afinados conforme as condições de tempo (temperatura) e espaço físico. Por exemplo: no verão devemos deixar o couro dos atabaques um pouco mais folgados, pois o calor agrupa as moléculas do couro, fazendo com que os mesmo fiquem mais apertados, a medida em que são tocados, coisa que não acontece no inverno, onde o frio faz com que o couro se torne úmido e mole.
Os instrumentos mais comuns dentro do ritual umbandista são os atabaques, em conjunto de três, agogô, afoxé, pandeiro, maracas, triângulo, ganzá, adjá e o berimbau.
O conjunto dos atabaques são constituídos por três tamanhos diferentes:
RUM - atabaque de tamanho grande com som grave;
RUMPI - atabaque de tamanho médio com som grave/médio;
LE - atabaque de tamanho pequeno com som agudo.
Nem todos os instrumentos são utilizados nos terreiros e centros, o mais comum é a utilização somente dos atabaques.
As palmas, também estão incorporadas nos rituais umbandistas, pois também é uma forma de comunicação com o plano astral, pois através delas, podemos expressar nossas emoções e a satisfação em ver uma entidade espiritual em terra.
Os pontos cantados são divididos conforme suas caraterísticas, pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim.
São entoados em cerimônias especiais, tais como a comemoração de fundação de um terreiro, formaturas de sacerdotes, apresentações públicas, e em reuniões onde encontram-se várias personalidades civis da Umbanda.
São entoados para dar início aos trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.
São utilizados par encerrar os trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.
Utilizados pelo corpo mediúnico em geral, para fazerem suas saudações aos guias, protetores e orixás, diante do congá.
Cantados quando é efetuada a queima das ervas aromáticas, durante o ritual de defumação.
Pontos utilizados para chamar as entidades espirituais, no local onde estão sendo realizados os trabalhos.
São entoados no momento em que, as entidades que estão em terra, estão se preparando para fazerem o retorno ao plano espiritual.
São cantados para firmar as linhas que irão trabalhar no descarrego, e também, para firmar as falanges que vão atuar na cobertura.
São apropriados para receber, saudar e despedir-se de um visitante, ou para entrar e sair de um terreiro visitado.
São melodias usadas para homenagear autoridades, presentes no terreiro, ou em apresentações publicas.
São utilizados para exaltar os povos (Baianos, Ciganos, Marinheiros, Boiadeiros, Povo da Rua e etc.). São pontos secundários (cruzados) e exclusivos a estas entidades, onde através dos mesmos, fazemos nossas saudações e agradecimentos. Não existe pontos primitivos para os povos, pois todas essas entidades espirituais, obedecem ao comando de um determinado orixá.
São pontos que citam especificamente um orixá. Nesses pontos entram somente, o nome do orixá, armas, adereços costumes e etc. Não entram nomes de caboclos ou entidades espirituais que trabalham nas respectivas linhas dos orixás, nem o nome de um outro orixá.
Quando os pontos primitivos são utilizados?
São os pontos que citam mais de um orixá, ou entidades espirituais que trabalham na vibração desse orixá. Nestes pontos é comum o cruzamento do orixá e tudo que diz respeito a ele e aos guias de sua falange.
Quando os pontos cruzados são utilizados?
São cantados em ocasiões especiais, onde são realizadas cerimônias de casamentos, batizados etc.